DIMENSÃO DOS SONHOS
Não deixe que o mundo comercialize o sonho
De sermos livres na dimensão do amor,
E, assim, o véu do dia mais tristonho
Será um verso do mesmo céu em cor,
Como pássaro que voa do universo rumo à eternidade...
Ah, não permita que o tempo traga só saudade
Ao âmago do sentimento que se faz de chama,
Como vento intrépido que o pesadelo invade,
Na própria tempestade que o céu declama...
Paradoxalmente, a vida nos quer coerentes
À certeza intrépida da mortalidade em si,
E, assim, os sonhos na frações de gentes
Tornam-se reflexos do amor que ri,
Ou do amor que chora em versos eloqüentes,
Como se pedisse à dor que fosse já daqui !
Por tudo isso, não façamos da cor inerente à vida
Um produto que se vende em mercados sós,
Como próprio luto, denso, que elucida
A própria humanidade que naufraga em nós.