TELEFONE SEM FIO
Por Juliana S. Valis
Alguém disse subitamente "amor",
Já o outro entendeu "pavor",
Repassando dor,
Outro entendeu "favor",
Pedindo alguma flor,
Outro entendeu "humor",
Distribuindo risos, beijos e fotos,
Sem qualquer pudor,
Aparecendo e sumindo no prazer que andou,
Outro entendeu "rancor",
Repetindo torpor,
Rimando cor e vício
De qualquer sabor,
Acelerando em pensamentos mil,
Entre infinitos filmes de comédia, ação, romance,
Suspense, drama, aventura, humor ou terror,
Na confusa trama que cada letra uniu,
Pois, bem ou mal, muito se fala de algum "amor",
Mas cada qual interpreta a seu modo aquilo que ouviu
Ou sentiu, leu ou viu, até no pouco que o coração entende,
Voando, lúcido, louco ou rouco, na impressão que for...
Sendo ou não assim,
Seja como for,
Cômico ou sério,
Talvez nunca saberemos
Exatamente o mistério,
Por mais ou por menos,
Escondendo algum critério
Nas infinitas interpretações
De qualquer mensagem,
Ainda que não dita,
Ainda que bendita
Ou talvez maldita,
Ainda que reflita
Alguma semi-verdade
Interpretada como mentira,
Ou vice-versa no olhar!
Não sabemos precisamente
Como irão interpretar
O que dissermos ou não,
Entre os dias que vão,
Além de razão e emoção,
Em ruídos da errante comunicação humana,
Nessa cacofonia cantante das horas,
Entre risos, lágrimas, derrotas e glórias,
Em simplórias vertigens de algum vidente a vagar,
Escorregando em memórias entre a terra, a mente e o mar,
Pois todos nós estamos, de repente, errados e certos
No paradoxo exultante que ressoa o coração a sonhar,
Quando cada pessoa, na interpretação de cada instante,
Escreve mais páginas nesse livro que o tempo nos brada,
Pela estrada que o vento reescreve, sem fim, voando oscilante.
Fonte da imagem: https://br.pinterest.com/pin/371124825526323790/
Primeira imagem: https://br.freepik.com/vetores-premium/servico-de-namoro-online-mobile-app-relacoes-virtuais_4807975.htm
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