HUMANAS FLORES ERRANTES
Não adianta procurar pessoas perfeitas pelos jardins da vida entre as céleres estações e aparências do tempo. As paisagens podem até ser perfeitas, em alguns contextos e cenários, tais como aparências magníficas em um dado momento ou experiência efêmera. Mas não adianta demandar perfeição das outras pessoas e de si mesmo, não sendo razoável, justo ou necessário. Ninguém é perfeito. Ou será, com certos limites, sob critérios variados e sujetivos? Não sabemos. Nem é preciso ou possível saber tudo. O que sabemos costuma ser pouco e incerto. Mas sempre é possível a contemplação da arte, da natureza e da vida, com seus prós e contras, altos e baixos, dores e dádivas, risos e lágrimas, em fascinantes flores, reais ou imaginárias, de tantas experiências loquazes, que ultrapassam nossos erros e limitações.
Pois também somos essas flores dinâmicas, misteriosas, imperfeitas e múltiplas, entre as árvores dos pensamentos e os caminhos incertos que nos cruzam, com ou sem palavras, entre folhas transcendentes de alguma paisagem passada, presente ou futura.
E o caminho da vida se faz caminhando em tropeços, caindo e se reerguendo entre imperfeitas flores errantes, sem rotas certas, na aventura de descobrir-se. Pois existe muito mais beleza e profundidade nessa humana imperfeição, que pode ser, paradoxalmente, perfeita, fascinante e misteriosa em seus próprios contornos, dependendo dos ângulos com os quais vivemos, olhamos e sentimos. Somos, de certo modo, essas flores errantes: humanas e diversas, errando e acertando entre as cores nos jardins da alma e nos quintais das experiências. Em tal ambivalência enigmática, portanto, somos belamente imperfeitos e imperfeitamente belos em nossa diversidade.
Somos, assim, humanas flores errantes, no dinamismo inerente à vida e na sutileza indelével de nossos traços, espinhos, pétalas, risos, lágrimas, dilemas, delícias, dores, dádivas, dúvidas e delírios. Muitos indivíduos são atraídos apenas pelas belas pétalas das rosas, em suas aparências fugazes, esperando que sejam perfeitas e sem espinhos. Mas isso é iludir-se. A busca do ideal inatingível de perfeição distancia-nos de nossa condição humana e, ironicamente, a fuga de nossos erros e de nossas imperfeições tende a trazer problemas muito maiores, com o passar do tempo, deixando-nos mais falhos e "imperfeitos" ainda, intragáveis a nós mesmos e aos outros. Aceitar-nos com nossos prós e contras, em nossa condição humana falível, torna-se um aprendizado difícil e contínuo. Tudo pode mudar, e está mudando a cada momento, entre os rápidos movimentos de borboletas e de incertezas esvoaçantes, oscilando entre as múltiplas cenas e flores do mundo.
Ninguém é nem será perfeito, podendo ser tal pensamento uma comédia óbvia para os mais realistas e, por outro lado, uma tragédia incômoda e agridoce para os mais perfeccionistas, em tantas nuances, perspectivas e detalhes que jamais saberemos por completo. Talvez seja necessária uma outra interpretação do que seja "perfeito ou não", incluindo os espinhos das rosas e das pétalas vivazes, pois talvez sejamos, por um certo ângulo, paradoxalmente perfeitos em nossas imperfeições e falhas, dependendo da concepção de cada um. Os espinhos também podem ser belos, pois tornam as rosas vivas e reais, além das teorias efêmeras.
Na prática, não existe rosa sem espinho, a não ser que seja uma flor artificial, estática e sem graça, entre flores de plástico ou de cera, que não vivem nem morrem, não fedem nem cheiram, no utilitarismo ornamental, que pode servir em muitos momentos, mas sem necessariamente abastecer a profundidade indelével, que só a alma resplandece e reflete em cada sentimento humano, além das luzes de incertezas pelos céus das divagações transcendentes.
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