ABSURDOS DA SOCIEDADE MACHISTA E HIPÓCRITA
Estão cada vez mais absurdos os fatos dessa sociedade machista, hipócrita e violenta. O caso recente do médico anestesista preso por estupro de paciente em mesa de parto exemplifica como é grave e hipócrita a cultura de abuso que existe em muitos contextos, inclusive em ambientes hospitalares com pacientes sedados. Segundo a investigação policial em curso, tudo indica que se trata de um criminoso em série, pois ainda estão investigando a ocorrência de vários outros delitos cometidos em seu exercício profissional (notícia disponível no link: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/07/12/anestesista-e-investigado-por-6-estupros.ghtml). A questão da prova em vídeo foi crucial nesse caso. Mas, nos milhões de outros casos em que não houve vídeo ou prova eficaz do crime, como fica?
O problema é que nem sempre a pessoa tem como provar e filmar situações criminosas de abuso e violência, sendo que muitos indivíduos cínicos manipulam as situações, distorcem fatos e cometem delitos graves sem deixarem rastros em muitas circunstâncias. Deve-se considerar que muitos indivíduos, incluindo desde cínicos "comuns" até psicopatas e graves criminosos, costumam frequentemente ser mestres em manipulação de aparências e passam impunes como pessoas de boa profissão, abusando de seu poder em muitos contextos, passando a imagem de serem indivíduos à primeira vista "normais". Num descaso secular, muitas autoridades ainda jogam o ônus probatório para a vítima, como se a mulher estivesse sempre "mentindo". Ou seja, a cultura machista é tão cínica e ignorante que a mulher ainda tem que provar, além de todo o seu sofrimento, que não é "mentirosa", nessa mentalidade hipócrita e covarde, gerando um disparate coletivo, crônico e misógino.
Surge, ademais, outro grande problema na área social e jurídica: nem sempre é possível provar tudo, ainda que o delito tenha ocorrido. Inúmeros casos de assédio e abuso acontecem no mundo às escondidas, sem que haja possibilidade de provar e filmar, numa cultura em que a mulher tende a ser culpabilizada de quase tudo, mesmo quando sofreu graves violências. Em alguns casos, a jurisprudência tem invertido o ônus probatório em favor de vítimas de violência sexual, mas não é a regra em todas as hipóteses. O curioso é que tende a se pensar o pior das mulheres, inclusive quando são menores de idade, taxando-as injustamente de "mentirosas" quando denunciam abusos, como se os homens fossem "santos" acima de qualquer suspeita. Existe uma cumplicidade hipócrita, preguiçosa e covarde entre muitos homens, com raras exceções, mas ainda falta solidariedade efetiva entre as próprias mulheres e pessoas em geral. É realmente muito complicado na prática. E, mesmo quando há prova do delito, a mulher tende a ser descredibilizada pelas instituições e taxada injustamente de displicente ou "mentirosa" em vários episódios lamentáveis, o que agrava ainda mais o problema. Mas até quando haverá tanta violência e tanta hipocrisia?
Precisamos mudar essa realidade, ainda que seja a médio e longo prazo, pensando também nas futuras gerações. A hipocrisia machista é intrincada num misto de covardia, preguiça e cumplicidade entre muitos homens que não se importam com as mulheres, mas querem usá-las para sua satisfação e conveniências, até que suas próprias parentes, filhas, mães, esposas ou conhecidas sejam vítimas e olhe lá, pois muitos não possuem empatia nem com a própria família. Já os homens que se preocupam em ajudar também tendem a ser mal-compreendidos pelos outros indivíduos covardes ou omissos, como se não fosse problema deles.
Em síntese, a cultura machista afeta a todos nós, sendo secularmente vista em vários contextos (seja no contexto médico, familiar, educacional, político, econômico, jurídico etc), evidenciando a covardia de uma mentalidade cínica e cruel, que agride as mulheres e elas ainda têm que se virar para provarem crimes que, muitas vezes, os agressores manipulam e escondem para não deixarem rastros. Trata-se de um problema bastante complicado. Talvez os homens mudem quando entenderem que o machismo também os prejudica, também prejudica sua família, gerando um mal-estar coletivo sem fim, em uma sensação de insegurança e de descaso que atinge a todos. Sendo esse fato, afinal, bastante nítido quando existe o mínimo de percepção, empatia e consciência humana.
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