CONTRADIÇÕES E APARÊNCIAS
Interessante notarmos como todos nós lidamos com nossas contradições, sobretudo nesse tempo de aparências virtuais, em que muitos conhecem tão pouco as pessoas e já apressadamente julgam os outros com base em impressões, eventos passageiros, imagens ou estereótipos. Embora seja frequente ouvir a frase batida de que "errar é humano", por que será que tantas pessoas têm prazer em apontar erros alheios, mas esquecem de suas próprias falhas?
Não podemos exigir uma perfeição alheia de comportamento, de vida, de trabalho, ou de qualquer aspecto, que simplesmente ninguém possui. É necessário compreender, portanto, que ninguém é melhor ou pior do que as outras pessoas. Ninguém é perfeito, aqui ou em qualquer lugar. Vivemos em um mundo de padrões ideais de conduta, de estética, de consumo, de estilo de vida, mas ninguém é, de fato, "o ideal". O que temos são interpretações fragmentadas dos outros e do mundo e, com base nisso, projetamos expectativas irreais que geram um ciclo de insatisfação constante. Somos todos pessoas reais, com falhas, sentimentos, emoções, pensamentos e anseios.
Desse modo, um grande problema humano (em todos os séculos) é ironicamente a falta de humanidade, seja pelo excesso de cobranças egocêntricas, seja pela escassez de empatia com os problemas alheios ou, ainda, pelas aparências vazias que este mundo vende, utiliza e depois descarta, repõe, substitui, revende e supervaloriza ao gosto das modas e dos lucros, de um ponto de vista utilitário e consumista. Ou seja, somos "valorizados" na medida de nossa utilidade social, econômica, estética, entre outros fatores, ou quando correspondemos às expectativas dos outros, em termos de performance, resultados ou projeções infinitas do que "deveríamos" ser, parecer, agir, ter ou fazer.
Porém, é preciso compreender que a vida não é um fast food e as pessoas não são objetos nas prateleiras de tantos anseios, reais, virtuais, passados, presentes ou futuros, nesse ciclo rápido e ininterrupto de consumismo utilitário. É preciso, portanto, compreender esses aspectos, com humildade, compaixão e clareza, reciclando nossos pontos de vista constantemente e nossas próprias contradições. Podemos, assim, ampliar nossa consciência para aprendermos com nossos erros, adquirindo mais discernimento, empatia, cuidado e sensibilidade em nossos ciclos de vida.
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