O MISTERIOSO QUADRO TORTO

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O MISTERIOSO QUADRO TORTO

Amanda estava esperando há mais de meia hora seu atendimento médico em um consultório de cardiologia. E, durante essa espera, passou a olhar curiosamente para um pequeno quadro torto na parede à sua frente. O quadro trazia uma paisagem de praia, era simples, bem colorido e agradável, mas estava torto. Por que aquilo lhe incomodava tanto? Decidiu esquecer, passando a olhar para seu celular, do mesmo modo que os outros pacientes a seu lado no sofá do consultório.

Mas, de algum modo, aquele quadro torto lhe incomodava. De súbito, pensou em levantar com discrição e ajustar o quadro perfeitamente, no centro da parede. Mas outros pacientes que estavam sentados ao seu lado, também esperando atendimento, poderiam estranhar aquele gesto. Que importância teria se o quadro estava torto? O importante era cuidar de sua saúde, aguardar a consulta com o médico, que talvez tivesse tido alguma emergência e, por isso, estava estrasado. Sim, mas embora tentasse desviar sua atenção procurando distrações no celular, o quadro torto ainda assim lhe incomodova, como se desafiasse sua concentração. Por que isso novamente lhe incomodava tanto? De onde vinha aquela sensação estranha ?

De repente, lembrou-se de quando era criança, por volta dos sete anos, na escola, onde também havia um quadro torto na sala de aula, feito uma réplica simples do quadro Mona Lisa, desviando sua atenção. Quando a aula terminou e todos os alunos saíram, juntamente com a professora, Amanda permaneceu na sala, tentando arrumar o quadro torto, para que ficasse centralizado na parede. Mas, ao deslocar aquele quadro, percebeu que por trás dele havia um grande buraco, como um túnel misterioso e longo.

- Amanda, vamos, sua mãe está te esperando lá fora, vou trancar a porta da sala. - Disse a diretora - Deixe esse quadro aí...

Ela obedeceu, assustada, e saiu da sala, pensando em que seria aquele misterioso buraco, como um túnel, por trás daquele quadro torto. No dia seguinte, os alunos foram mudados de sala. A antiga sala de aula estava sendo reformada. Na nova sala, não havia nenhum quadro, apenas cartazes infantis com letras e números. Talvez tenha sido um devaneio, uma ilusão, um sonho.

Talvez nossos pensamentos sejam também quadros tortos. Talvez nós próprios, em alguma medida, também sejamos quadros tortos, procurando saídas para além de nós mesmos. De qualquer modo, fica sempre o mistério namorando a imaginação. Talvez aquele quadro torto da escola escondesse algo valioso.

- Sra. Amanda, está na hora da sua consulta, pode entrar na sala - chamou a secretária do consultório, retirando-a dos devaneios - desculpe a demora, o médico está lá para te atender.

Levantou-se, atônita, caminhando rapidamente até a sala do médico, ainda pensativa. De todo modo, permaneceu em sua memória o grande mistério do que seria aquele buraco, em forma de túnel, por trás daquele quadro torto.

Regra dos terços, como usa-la e quando quebra-la ? – Capture street