LITERATURA DIGITAL
Reflexões Literárias e Cultura
Textos
TOLERÂNCIA SELETIVA ?
A tolerância com erros masculinos, sobretudo se forem ricos, costuma ser bastante elástica, hipócrita e cínica; já com os erros atribuídos ao lado feminino, ainda que sejam iguais, menores ou inexistentes, a empatia tende a ser nula ou bastante restrita, inclusive entre as próprias mulheres. Se queremos argumentar qualquer coisa, uma artimanha frequente é que nos chamem de "loucas" ou que estaríamos fazendo "mi-mi-mi" por qualquer coisa.
Mas não é mi-mi-mi um homem discutir por futebol ou explodir uma casa porque seu time perdeu o jogo, ou as tais pancadarias de torcidas organizadas, ou a grande violência histórica em vários contextos etc. Do homem, costuma-se esperar o básico; e olhe lá, se for rico, então, nem o mínino o cidadão quer fazer, mas quer levar todo o crédito, empurrando suas falhas para debaixo do tepate. Existe uma tolerância bastante seletiva e uma coleta seletiva de lixo inclusive quanto aos erros atribuídos às pessoas.
Mas não é mi-mi-mi um homem discutir por futebol ou explodir uma casa porque seu time perdeu o jogo, ou as tais pancadarias de torcidas organizadas, ou a grande violência histórica em vários contextos etc. Do homem, costuma-se esperar o básico; e olhe lá, se for rico, então, nem o mínino o cidadão quer fazer, mas quer levar todo o crédito, empurrando suas falhas para debaixo do tepate. Existe uma tolerância bastante seletiva e uma coleta seletiva de lixo inclusive quanto aos erros atribuídos às pessoas.
Fonte da imagem - gráfico :https://www.panrotas.com.br/noticia-turismo/mercado/2017/03/16-milhoes-de-mulheres-ja-sofreram-violencia-no-trabalho_144856.html
Da mulher, exige-se tudo, como se tivesse que ser perfeita, e ainda não é valorizada, a não ser por questões estéticas. E o detalhe é que nada basta. Ainda que a mulher supostamente esteja dentro de todos os inúmeros padrões que lhe são cobrados, numa espécie de "mulher - maravilha", ainda assim será criticada. Mas ninguém é perfeito.
De qualquer modo, provavelmente seremos criticadas: se somos solteiras, casadas, divorciadas, viúvas, com filhos, sem filhos, empresárias, desempregadas ou autônomas etc, não há santa que escape de qualquer reclamação. Cobra-se da mulher simplesmente tudo e ainda deve ser uma bela miss - simpatia solícita e serviçal. Para aquelas que tentam entrar nessa armadilha, não se iludam, nada será suficiente e pouco provavelmente será reconhecido e valorizado na prática. O resultado são mulheres sobrecarregadas, exaustas, mas ainda são rotuladas de "loucas", muitas vezes pelos próprios loucos egoístas e cínicos que as levaram à exaustão da suposta loucura.
De qualquer modo, provavelmente seremos criticadas: se somos solteiras, casadas, divorciadas, viúvas, com filhos, sem filhos, empresárias, desempregadas ou autônomas etc, não há santa que escape de qualquer reclamação. Cobra-se da mulher simplesmente tudo e ainda deve ser uma bela miss - simpatia solícita e serviçal. Para aquelas que tentam entrar nessa armadilha, não se iludam, nada será suficiente e pouco provavelmente será reconhecido e valorizado na prática. O resultado são mulheres sobrecarregadas, exaustas, mas ainda são rotuladas de "loucas", muitas vezes pelos próprios loucos egoístas e cínicos que as levaram à exaustão da suposta loucura.
Mas é oportuno sempre explicar o básico: nosso valor humano não está atrelado à nossa produtividade ou à aparência. E não, não temos nenhuma obrigação de sermos a tal "mulher - maravilha" que faz muito bem trezentas atividades ao mesmo tempo ou miss - qualquer - coisa para recebermos migalhas de afeto como objetos do desejo alheio. Para isso, existem bonecas infláveis.
A indústria da estética já fatura bilhões em cima da vulnerável autoestima feminina, estimulando a consumir inúmeros produtos de beleza como se o valor feminino estivesse vinculado à aparência, e isso é uma enorme falácia. O indivíduo que valoriza alguém apenas por aparência gosta do padrão social na pessoa, e não necessariamente da pessoa em si, que provavelmente será substituída. Precisamos, antes de tudo, reciclar pensamentos, preconceitos, mentalidades e comportamentos que não servem mais.
Fonte da imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/reciclagem.htm
É possível desenvolver uma convivência mais equilibrada e saudável entre todas as pessoas, sejam de qualquer gênero, desde que haja educação e respeito recíproco. A médio ou longo prazo, é preciso melhorar a educação das crianças desde pequenas, para que haja uma mudança de mentalidade. Vamos fazer coleta seletiva de lixo, mas não tolerância seletiva de lixo com vários pesos e várias medidas na secular hipocrisia social. Precisamos, enfim, passar por uma reciclagem de mentalidade coletiva, para que haja uma convivência mais equilibrada e justa entre as pessoas.
Fonte da imagem: https://www.informasus.ufscar.br/desigualdade-de-genero-e-a-violencia-contra-a-mulher-no-contexto-da-pandemia-do-coronavirus/
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 05/08/2021
Alterado em 05/08/2021
Comentários