CANÇÃO DE LUZ
Juliana Valis
Quis compor uma canção de luz,
Canção de amor que transcendesse a vida,
Além do mar que teu olhar seduz,
No próprio sol que o verso te elucida...
Quis compor uma canção de espera,
Canção de paz que transformasse o mundo,
Aquém do êxtase de uma quimera
Bem ou mal, no sonho mais profundo...
Mas teu olhar insigne se partiu em versos,
Enquanto o mar da vida transbordava em dores,
E o coração se foi, em véus dispersos,
Na profusão do que seriam cores,
Nestes sós amores; nós, nos universos,
Poema atroz nos labirintos-flores...
E eu, que acompanhava tua incauta rima,
Na mais alta sorte que o coração conduz
Perdi-me, aqui, sem norte que já me imprima
O sentido intrínseco a uma canção de luz,
E ao que há de sol, no que houver de sina,
Permeando a fé que o próprio tempo induz !
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