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NAS ASAS DOS VERSOS
Juliana Valis




Atire-se, lógica, ao precipício dos sonhos,

Sem resquício de tempo, meu coração é repleto,

De versos perdidos, alegres, sós ou tristonhos,

Assim, dispersos em nós, no labirinto discreto...



E quando penso na paz que possa me aliviar

Do escarcéu da tristeza, sem começo nem fim,

Minha mente flutua como onda do mar

Transcendendo uma lua em cada abismo de mim...



Assim mesmo, a angústia é cataclismo sem cor,

Sem sentido, de fato, que nos proteja do mundo,

E quando suplicamos ao tempo o mais insigne amor,

O sentimento mergulha no oceano profundo,

No mais fecundo vestígio do coração que afundou...



Lá no cerne, portanto, dessa alma humana,

Eis que clama, sem calma, a esperança loquaz

Do amor que já brilhe na mais lídima chama,

Em cada trecho de afeto que essa vida nos traz...



Atire-se, Sonho, ao labirinto da vida !

Eis que sinto a vontade de voar sem ter fim

Pelos céus da emoção que o amor elucida,

Exultando essa alma no mistério de mim...



Atire-se, agora, toda dor deste mundo

Ao paradoxo inerte das verdades impostas !

Tempestades de amor, já vos queremos no fundo,

Mas "ser" humano é enigma na imprecisão das respostas.


Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 21/09/2007
Alterado em 21/09/2007
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