DESVENDAR-SE


Escrever é, por assim dizer, desvendar-se,

É desabafar nas entrelinhas do tempo,

É mergulhar no mistério das percepções humanas,

Das sensações que nos transformam

No labirinto incerto dos dias...


E quanto mais pensamos saber,

Provavelmente, menos sabemos,

Quanto mais queremos poder,

Com frequência, menos o temos,

E, por tantas dicotomias, o ato de escrever

É um exercício que se faz não apenas com a mente,

Mas com a alma, em todo seu impasse,

Escrever sobre o ser humano, além do aparente,

Demanda coragem para, assim, desvendar-se,

Demanda astúcia de se colocar como gente

Sem rótulos, num mundo de aparência e disfarce,

Escrever sobre o "ser" que vem e vai, de repente,

É mergulhar no mistério que nossa alma entrelace.

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