A INCONSISTÊNCIA DO ESCURO
De repente, a escuridão impregnou a alma
E se desfizeram os arquétipos e as imagens vis,
Tu choravas com a face fria e calma,
Mas secaste as lágrimas e, agora, sorris...
No breu, entretanto, sorrisos são vãos,
Não há mais a intrépida luz refletindo em máscaras mil,
Nem lídimas esperanças, nem segredos sãos,
Só há sensações amorfas de imagens que alguém sumiu...
O que é o escuro senão a inconsistência plena
Dessa existência virtual que se dissipa, aniquila e envenena
O ego martirizado por dentro da tênue carne,
Efêmera em sua própria eternidade, silenciosa em seu alarme ?
No escuro, enfim, não há sombras do que fazemos,
Nem resquícios dos lugares aonde fomos,
No escuro não somos nada mais, nada menos
Do que as estranhas criaturas que nós somos.
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 09/09/2007