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ESTAÇÃO DA ALMA

 


Mar de olhares

Velejando nas cores sós

De uma estação da alma,

Enquanto o coração veloz,

Sem pranto ou riso que sempre acalma,

Perde-se na paixão que nós

Pensávamos como vulcão de sonhos...





Tristonhos versos de amor ileso,

No ar, dispersos, como nuvens vãs,

Nesses universos de ardor mais preso,

Instaurando a dúvida nas vis manhãs,

Sem desperdício de dias, dor, desprezo,

Onde está a paz das alegrias sãs ?





Pois toda alma clama, de perto, por justiça,

Por amor, afeto, além das aparências,

No ardor concreto que nos enfeitiça,

Transcendendo a dor de nossas existências...




E todo sonho clama, assim, pela vida

No verso que convida a velejar no tempo,

No vento mais disperso que nos elucida

O caminho que nos guie rumo ao sentimento...




Ah, verso que faz o dia se transfigurar,

Faça também da alma uma estação de luz,

Onde o bem seja maior que todo pranto, mar 

De um encanto célere que o amor conduz,

Transcendendo a dor que a vida transbordar !




Abasteça a alma de amor,

Como nuvens que vagam sós,

Além do verso, além da dor,

Que se perde nos rios de nós,

Como anátemas sem cor,

Superando o céu tão veloz...




Abasteça o céu toda luz,

Como estrelas que brilham na alma,

Na constelação que já nos seduz,

Coração que bate sem calma, 

Em busca de amor, sem a cruz

Intensamente misteriosa da vida...



 
E quando pudermos, sim,

Superar o ódio do mundo

No sonho, do começo ao fim, 

Intenso, radiante e profundo,

Talvez o céu se renda à paz,

No escarcéu de tempos ilesos

E não mais presos à dor que nos traz

O desânimo que nos faz tão indefesos...




Erga amor a chama sem calma do verso voraz

E abasteça a alma com sonhos de perto ,

Aquecendo a estrada que a vida perfaz,

Curando a ferida de corações sem afeto !





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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 25/08/2007
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