REFÚGIO DE PERPLEXIDADE
Juliana Valis
Não sei , não sei quais ímpetos de sol
Assim nos prendem à desfaçatez do mundo,
Como intrépida dor , no fim, perdida
Entre a lágrima e o riso que se pretenda profundo,
No afã hipócrita da mesmice em vida...
Sinceramente, não sei o que saber de prático,
No dever, direito às máscaras sociais,
Sempre, sempre iguais à tolice efêmera das horas,
Sem resquícios ou demoras de uma simples paz...
Pois não se vendem conclusões nas feiras do sucesso,
Se é que há sucesso em cada ato frívolo, nas sutis manhãs,
Nada é tão profícuo quanto a inócua luz de um verso,
Neste universo iníquo das aparências vãs...
Mas a poesia é o refúgio dos corações incautos,
Dia e noite, na velocidade loquaz de um subterfúgio,
Assim, no etéreo enigma dos sobressaltos,
Nesses altos e baixos que a vida sempre traz...
Ah, dilua-se a chama da hipocrisia nesses vendavais !
Sempre, sempre iguais, em diferentes formas,
Enquanto os estúpidos tolhem toda nossa paz,
O verso mais loquaz se despe de letras, normas,
Tornando-se só refém de linhas marginais...
Bem ou mal, não sejamos descartáveis, entre baixos, altos,
Não sejamos tolos réquiens desse injusto mundo !
Poesia é sempre o refúgio dos corações incautos,
Nas frações mais céleres do sonho mais profundo.
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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 19/05/2007