EM SEU ÂMAGO
Juliana Valis
Olhe em seu âmago e veja a verdade,
Veja que o sol não é apenas refúgio,
Além de todo resquício, no véu da saudade,
Céu que desaba em cada subterfúgio...
Olhe pra si e veja o mistério da vida,
Da brisa incontida entre passado e futuro,
Não há porto seguro nessa estrada rendida
À cruz que a verdade revela no escuro ?
São tantos engimas que a vida nos traz,
Nesse labirinto sublime de sonhos confusos
Que toda esperança de amor e de paz
Torna-se terna lembrança nos ventos profusos...
Já não basta, portanto, eximir-se da essência
Que a vida nos impele na mais recôndita esfinge
De quem somos, seremos, nesta só congruência
Do amor que nos resta em cada sonho que atinge
O cerne da alma, sem qualquer displicência !
Por isso, olhe no cerne do coração, sem vaidade,
Em cada só emoção que o tempo, em si, já ressoa,
Até que o sonho, enfim, no sentimento que invade
A alma, no alento, traga-nos paz em pessoa !
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