SUNLIGHT
Juliana Valis
Bem podia a luz do sol
Refletir em nossa alma a vastidão de tudo
E talvez não nos sentíssemos
Assim, desfalecidos, neste grito mudo
À espera da canção sublime...
Bem podia a luz do sol
Transfigurar o vácuo que a dor redime
Em fótons de uma vida em si,
Como se houvesse sempre alegria aqui
Além do trânsito das emoções vorazes...
E talvez, assim, a luz do sol
Velejasse além dos sonhos mordazes
E muito além das aparências efêmeras,
Imiscuídas nas sensações que trazes
Intrínsecas e, indelevelmente, em ti...
Quem dera, amor, que a luz do sol
Pudesse nos transformar em cor
Única, transcendendo a dor da espera
E transfigurando esta vã quimera
De sermos apenas pássaros, e nada mais...
E a luz do sol que tanto irradia versos
Também deveria irradiar a paz,
Em cada aurora dos meus inversos
Em cada angústia que esta vida traz
Aos pulmões humanos, sem deixá-los sós,
Até que o sonho tênue e tão voraz
Possa um dia, apenas, desaguar em nós.
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Do livro "Códigos Reflexivos":
www.corifeu.com.br/search_lancamentos.asp