NO ÂMAGO
Juliana Valis
Tu nasceste poeta...
Tuas lágrimas e teus versos
Apenas te guiam, trôpegos,
Rumo aos labirintos de letras
Desenhados, enigmaticamente,
Bem no âmago de tua alma...
Tu nasceste poeta,
Embora não quiseste
Sentir tanto e bem mais
Que milhões de outros
Comerciantes de cores
De objetos, de tempos...
Mas tu és, irremediavelmente, poeta,
E tu não sabes vender nada
Além da própria chama,
Em tuas simples, vãs palavras
Com a força de quem sempre ama,
Além dos sonhos, dos tempos,
Perdidos no âmago de tua alma,
Tão incauta como os ventos,
Tão profunda quanto a cor que acalma,
Dando luz ao pranto e aos poemas sós...
E tu, poeta, podes gritar, correr
Mas não fugirás, assim, veloz,
De tua compulsão de escrever,
No mar, um verso que desabe em nós.
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Quadro de Vincent van Gogh, Noite estrelada.
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 26/02/2007
Alterado em 26/02/2007