FALTA
Juliana Valis
Sinto falta do nada que já fui
Entre as muitas ilusões que tive,
Na busca exata do que já flui,
Sinto falta do amor que vive.
E nada é apenas retrato de mim,
Como se tudo pintasse versos
Colorindo no âmago de todo fim
O desenho de nós dispersos
E perdidos, rumo ao êxtase dessa alvorada...
Sim, sou apenas nada,
Entre as partículas de uma mesma fé
E as gotículas de dor rimada,
Condenando-me ao que vier...
E quando lhe perguntarem
Sobre a essência de qualquer
Dor, sentimento ou coragem,
Diga apenas o que o tempo é:
Coração que sofre em cada vã viagem.