"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mário Quintana, poeta, tradutor e jornalista (1906 - 1994)
  
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HÓSPEDES


Quem nos dera, amigos, sem grande alarde,

Que a alma se hospedasse no equilíbrio humano,

Além das sombras que caem pelos céus da tarde,

Além dos rótulos de qualquer engano...


Quem nos dera se a alma sempre se hospedasse

Na sabedoria que transcende hipóteses da mesmice,

Ultrapassando estigmas de qualquer impasse,

Quando o silêncio vence o que a ilusão nos disse...


Mas onde estará, no fundo, essa hospedaria

De alegria que reveste tantas esperanças ?

Será reflexo de uma utopia ?

Será espelho de quaisquer lembranças ?


Eu sei, só queríamos rir feito crianças,

Sendo hóspedes de uma casa chamada "paz",

Mas vem o mundo e a vida com suas breves danças,

Tentando nos desabrigar de nossos ideais.


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