ÁPICE DE AMOR
Juliana Valis
No ápice do descompasso,
Meu coração sempre mais se rende
Ao teu olhar loquaz, que apenas traço,
Além do mar mecenas que, no passo, prende
O sonho de sempre possuir-lhe a alma...
Meu amor, não sou realmente nada,
Além de tudo que se rende neste universo,
Sou apenas verso a chorar na estrada,
Como átimo de engima sempre mais disperso
Na dor que consigna a luz mais desencatada...
E mesmo assim te amo, além de toda chama,
Amo-te, antes mesmo de conhecer tua face,
No amor que nos abrace na paixão que clama,
No coração que, apenas, renda nesse impasse
Sonho, apenas sonho, e nada, nada mais...
Meu amor, tu és minha estrada,
Nesta vida, apenas , que vai e vém
Tu és a síntese que o tempo brada,
Tu és a síncope do beijo além
Dos lábios , na dor mais apaixonada...
Amor, nem sequer conheço
O avesso de toda essa nostalgia
Mas te quero, além de todo preço,
Além de todo lero que possui o dia,
Nessa alegria que nem sequer mereço...
Amor, simplesmente amor,
Além de um tempo sonoro, vão,
Além da chama que nos restou
No êxtase que clama esse coração,
Amor, tão estúpida e feia sou,
Entre eternas ondas que vêm e vão,
E como sondas meu coração, amor !
No ápice do descompasso,
Meu coração sempre mais se rende
Ao teu olhar loquaz, que apenas traço,
Além do mar mecenas que, no passo, prende
O sonho de sempre possuir-lhe a alma...
E, acredite, nada, nada mais me acalma
Que seu olhar, transbordando amor,
Além de todo mar que cabe neste palma,
Tu és meu coração transfigurado em flor.