DELÍRIOS SÓS
Juliana Valis
No espelho, a alma reflete o futuro
E pede ao vento que nos veja além
Da dor contida em cada trecho escuro
No amor que lida entre o mal e o bem
Não sei, mas a emoção sempre se transfigura
Em átomos perdidos no ardil de nós
E, assim, os sonhos lidos nessa dose escura
De amor se perde nos delírios sós
Céus, como pode o vento nos levar , assim,
Sem que olhemos a sombra do sublime amor ?
Se o verso redime a dor que nunca teve fim,
O que dizer do tempo transcendendo a cor ?
Ah, quem chora no mais vil compasso
Do tempo, apenas, além de tudo,
Sabe bem que o vácuo do pior fracasso
É não provar da síncope de um beijo mudo,
Entre os lábios que tecem todo este universo...
Por isso, suplico e apenas peço
Que o tempo nos transfigure sós, agora,
Em réquiens do sonho mais disperso,
Sonho de viver, enfim, além da hora
Em que tudo exploda só este universo.
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 16/02/2007