QUEM DERA
Juliana Valis
Quem dera se todos pudessem rir
Sempre rir de tudo e da própria vida,
Num grito mudo que vai daqui
Até o infinito que a paz convida
Quem nos dera ser, apenas,
Sem nunca ter este humano e podre vício
Da ganância, da cobiça tão mecenas
Enfeitiçando o sonho até levá-lo ao precipício
Deus, quem nos dera, de fato, transcender
Este vácuo vil que o materialismo incita,
Sem nos vingar, sem nunca nos vender
Céus, quem dera, enfim, toda felicidade
Fosse sim, real, além da chama aflita,
Transbordando amor no sonho que nos invade.