GRITO MUDO
GRITO MUDO
Entendo bem o paradoxo do seu grito mudo,
A dificuldade de ser sensível no mundo insensível,
O desafio de sorrir apesar de tudo
E fazer das horas algo produtivo,
Algo criativo, algo transcendente,
Algo que supere aparências e rótulos,
Como um sonho nadando contra a corrente,
Alegrando a alma real num tempo virtual
E fortalecendo a luz que houver na mente...
Sim, entendo bem sua hesitação,
A antítese entre o sonho e a realidade fria,
Entre os dias que vêm e vão,
Trazendo, por fora, alguma nova tecnologia,
Mas, por dentro, sempre a antiga contradição:
Entre a essência e a aparência fugidia,
Entre o que as pessoas têm e o que elas são,
Eternas dúvidas numa mesma via...
E, por tudo isso, entendo muito bem
O paradoxo do seu grito mudo,
O grito da alma de Ninguém,
Buscando luz como escudo,
Além do que ao mundo convém,
Um grito do amor profundo.
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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 25/02/2012
Alterado em 26/02/2012