CHÃO DE PENUMBRA
Juliana Valis
Não quero mais
Ver o chão de lama
Desenhado na alma do mundo
Como apologia ao materialismo
Como nostalgia de um sangue derramado
Em vão, a despeito das lágrimas...
Simplesmente, eu não quero mais
Ver o chão de penumbra
Desenhado no âmago do mundo
Como apologia ao precipício dos sentidos
E da razão e dos sentimentos mais sublimes...
Não, de fato, eu nunca quis
Vislumbrar além do sol, o vácuo
Aquém de mim, a sombra
Da desesperança sempre a espionar
O êxtase crucial dos dias
Vividos ? Cantados ?
Nunca saberei ao certo....
Não, não pedi ao verso
Que beijasse a hora
Enquanto este universo
Gira, desobedecendo o sol,
A despeito das nuvens trôpegas
E perdidas no céu de outrora,
Em meio às estrelas da vida
Neste chão que a penumbra
Desenhou bem no cerne do mundo
Como apologia ao que não fomos.
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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 19/01/2007
Alterado em 19/01/2007