DESLINDE
Juliana Valis
Quiseste lavar com a dor a alma que não era tua
E ficaste, assim, temporariamente sem lembrança
Temias enxergar toda a cor da realidade crua
Então, choravas com o sensível pranto de criança
Quiseste mergulhar nos sonhos que não eram teus
Mas acordaste, um dia, imerso em pesadelos vis
Como ator perdido em peças de mil coliseus
Como intrépido autor de poemas que alguém já quis
Apesar de desejares sempre mais o viver alheio
Transformaste a inveja em sensação medonha
E nunca mais discerniste o que é belo ou feio
Quando, porém, descobrires o mundo massacrando o “eu”
Verás que alguém só vale tudo o que faz e sonha
Pois nada restará a cada um, ainda que seja seu.
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 16/01/2007
Alterado em 20/01/2007