COSMOPOLITA
Se não jogassem bombas em Bombaim
Se não houvesse mais peste em Budapeste
Se todos previssem um fim, Pequim
Se todos vivessem a paz, La Paz
Talvez o mundo não fosse mais assim
Nem toda angústia que nele jaz
Se todos estivessem sãos em São Paulo
Se não houvesse mais grito no Egito
Se não existisse mais fome aqui, Haiti
Se não houvesse mais guerra lá, Bagdá
Talvez o mundo não fosse tão aflito
Nem todo sofrimento que nele há
Mas em ti ergueram um muro, Berlim
E de verniz cobriram-lhe a torre, Paris
E bombardearam teu solo, Hiroshima
E profanaram teu kremlin, Moscou
E demoliram tuas torres, Nova Iorque
E explodiram tua sinagoga, Telaviv
E queimaram tua mesquita, Irã
E sangraram teus touros, Madri
E levaram tesouros, Brasil...
Então no mundo instaurou-se um apartheid vil
Antes leste-oeste, hoje norte-sul, Cabul
E em cada guerra insana e vã se viu
Florescer o ódio, flor que só espinhos tem,
Flor preconceituosa, flor da xenofobia,
Papoula cultivada nos quintais do mundo,
Talvez possas transformar-te em rosa, um dia,
Quando o planeta Terra já não for imundo
E a utopia, enfim, do amor profundo
Vencer o crepúsculo na galáxia da luz vazia.
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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 16/01/2007