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CORAÇÃO ATÔMICO
Queria ter bombas de letras que o sonho invade
Bombas de paz cujo êxito transcendesse o mundo
E toda estupidez, todo preconceito, toda maldade
Desapareciam em meio aos fótons do amor profundo,
Em meio aos nêutrons de uma tempestade
Dos sentimentos que nosso coração emana...
É pena ver que o tempo escorre na avareza humana
Perdendo-se nos labirintos da insensatez
E toda guerra, toda terra, toda chama
São apenas réquiens do vento que já nos fez
Perecer no vácuo vão das vaidades...
E tu gostas deste mundo, meu bem ?
Consegues ver a dor a cada esquina
Preocupando-te com o sentimento de alguém ?
Ah, tu nunca foste, não és, nem serás máquina !
O computador não sentirá por ti,
Nem chorará quando tudo apenas se partir
Em mil fragmentos do que fora o nada...
Teu coração atômico bate no compasso
E na freqüência efêmera desta jornada
Chamada vida, no mais breve laço
Entre ti mesmo e este mundo vil
Este mundo de hipócritas sanguinários
Que fazem do tempo um mar que sucumbiu
Levado pelos furacões dos poderes refratários
Parcos e pífios poderes humanos...
E talvez algum lídimo coração atômico,
Machucado em cada espírito indômito,
Possa um dia explodir em paz
E explodir a paz, rindo da injustiça que o traz,
Em doses cada vez mais insuportáveis...
E tu rirás dessas pessoas frívolas
Tu verás o destino de cada máquina, meu bem,
Tu sentirás desdém de cada ser-máquina que te humilhou ?
Na explosão de um coração atômico que tem
Uma bomba de nêutrons da luz que te criou...
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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 15/01/2007