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MAIÊUTICA
parto das idéias loucas

Foi estupidamente normal

Em meio à mesmice dos olhos fúnebres



O parto das idéias fúnebres

Foi a cesariana desfalecida

Em meio ao caos

Dos bisturis tão frios



O parto das idéias frias

Seria tão normal quanto

O caloroso despertar das noites

E a lenta transfiguração dos dias



O parto das idéias lentas

É tão profano quanto

A rapidez em que te assentas

Humano, em teu sonoro pranto



O parto das idéias sonoras

É feito pelos obstetras surdos

Normalmente, enquanto tu só choras

Pelo silêncio e sem a visão dos curdos



O parto das idéias cegas

Teve o mesmo risco do riso clínico

E o mesmo ardor com o qual tu negas

Teu olhar visivelmente cínico



O parto das idéias cínicas

Foi feito a fórceps nos sonhos mudos

Com a total expressão das mímicas

E a nula sensação dos mundos



O parto das idéias mundanas

Consagrou-se pelo corte no útero tátil

Dando ao óvulo do qual tu emanas

A complexidade de ser tão fácil



O parto das idéias fáceis

Deu à luz a gêmeos siameses

Mergulhados na insipidez, amáveis,

Por doces horas e amargas vezes



O parto das idéias doces

É tão humano quanto

O parto das idéias pardas

Ásperas, puras ou amarelas



O parto das idéias puras

É um absurdo humano sem embrião

E sem placentas assim tão duras

No mole meio entre o sim e o não



O parto das idéias negativas

Afirma normalmente o que todos são

Mas nunca acaba em cesáreas vivas

Afinal, são infinitos meses de gestação


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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 14/01/2007
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