LÁPIDES DA INSÔNIA
As horas passam,
Eu fico.
As horas dormem
Condenando-me a pensar
No ano que foi,
No ano que virá,
Como avalanches de medos
E auroras de dúvidas
E sombras de ressentimentos...
As horas roncam
Entre travesseiros inertes
Enquanto as estrelas lá fora
Apenas riem da minha insignificância
Enquanto meus olhos não fecham...
As horas brincam,
Elas são mais radiantes
Que o espectro da lua,
E são bem mais felizes
Que o perímetro desta rua
Desenhada em mim,
Como rascunho de uma noite
Que desabou, assim,
Quebrando-se em mil cacos
De nuvens vis e vãs,
Como auroras de gentis manhãs
Que nos acordarão pra vida.
As horas passam,
Enfim,
Eu fico.
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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 13/01/2007