MUITO OU POUCO



Às vezes, falamos muito sem dizer nada,

Falamos tanto que não compreendemos

Os sentimentos deixados pela estrada,

Os pensamentos sonhados, mais ou menos,

Em trechos lentos que a memória brada

Perguntando à vida o que ela quer do tempo...



Outras vezes, porém, falamos pouco a pouco,

Mas dizemos tanto que não percebemos

As expressões por trás do silêncio rouco,

As intenções e atos grandes ou pequenos,

Os gestos partidos como um sonho louco,

Desenhando ideias que nem mesmo temos...



E, no fim, o que importa mesmo é a sinceridade,

Pois não há medida absoluta para o que dizemos,

Ninguém determina, ao certo, se mais cedo ou tarde

A vida trará êxitos, mais ou menos,

Sendo assim, o muito (ou pouco) que nos invade

Depende das percepções que agora temos.



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