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A FORTIORI
Leio no ardor de teu semblante

Expressões intensas de amor retido

E com mais razão, em todo instante,

Vejo em teus olhos um paraíso proibido

De tantas coisas simples e tão belas

Que nem sei contá-las ou descrevê-las

Usando letras trêmulas e tão singelas

Das palavras transfiguradas em estrelas

Que rasgam céus, pulam janelas

E dançam, incautas, ao som dos tempos...


Meu amor, eu nem sequer conheço

Um terço de todo o espaço do coração

Mas sei dizer as coisas que não têm preço

Sei voar nos ventos que sempre vão

Levando esperança de sul a norte

Como se fosse possível dizer, então

Que no interregno entre vida e morte

Sempre existe sorte plantada em chão



Dos sonhos que o tempo rega

Sem quaisquer dolos de colisão

Com princípios que o destino nega

No vago termo entre o sim e o não...


Sim, meu amor, talvez eu nem conheça

A  sombra avessa da solidão

E com mais razão, quiçá eu não mereça

Nem um átimo de tua atenção

Mas lendo em teus lábios esta enxurrada

De vagos versos em profusão

Sinto-me, assim, um tanto condenada

A decifrar em meu coração

Um mapa cujos trechos levem

A encontrar uma mina de verdadeiro ardor

Na qual todos os versos bebem

Em cálices de sonhos o melhor licor



Pois, no fim de tudo, o que vale a pena

Nesta vida, às vezes, já tão sem cor

É o êxtase de cada emoção amena

E com mais razão, o mais sublime amor.
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 05/01/2007
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