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QUEM ?




Enquanto ela dirigia, sem olhar pelo retrovisor,

Viu a Certeza pedindo carona numa estrada,

Acenando levemente, por favor,

Quando, de repente, foi atropelada,

E não sabia mais o que lá atrás ficou,

Assim mesmo dirigia, lenta e assustada,

E uma dúvida na outra faixa lhe ultrapassou,

Cantando os pneus da sensação que brada,

Quando seu coração, de fato,  desacelerou

E derrapou no ápice de uma encruzilhada...


Entre tudo e nada, seu carro paralisou,

Ela abriu a porta com algum receio,

Entre tantos veículos de uma mesma cor,

Não sabia onde estava, se era sonho ou meio

Que a realidade tinha pra causar pavor,

Ou pra testar a mente sem pisar no freio,

Só sei que uma viatura da polícia bem ali chegou,

Fazendo estardalhaço e grande tiroteio,

Ela tentou correr, mas algo lhe acertou,

Enquanto alguém  gritava, alto, no escanteio:

- Eu sei que foi você que atropelou

A Certeza, com seu rápido devaneio !


E, subitamente, ela se viu sem saída,

Tão petrificada que nem mais falar sabia,

Enquanto uma voz anunciava, ofegante e destemida:

- A senhora está detida em flagrante nesse dia,

Por ter atropelado a Certeza, nunca antes lida,

A Certeza plena da mais infalível alegria,

A Certeza de que a felicidade jamais será vencida...


E qual não foi o seu susto quando ela viu, nesse impasse,

Sua imagem numa poça d’água refletida,

Ela não sabia de sua outra face,

Ela não sabia o que o mistério abriga,

Ela não sabia que o sonho tem tanto disfarce,

Ela não se conhecia, ao menos, aturdida,

E parece tão incrível que talvez nada disso encaixe,

Mas quem atropelou a Certeza foi a própria vida.



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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 04/03/2011
Alterado em 04/03/2011
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