O ESQUECIMENTO DO SER...
O ESQUECIMENTO DO SER*
Interessante notar como temos nos tornado
Mais estranhos a nós mesmos que aos outros,
Estrangeiros na alma com passaporte carimbado,
Enquanto, sem calma, o tempo deixa resquícios
De dúvidas no coração apátrida,
E o vento, lá fora, apenas pergunta o porquê
De tanta gente correndo sem direção,
Perdendo-se no labirinto do "ter",
Com pensamentos vazios e aparências cheias
De rótulos efêmeros, no esquecimento do ser...
Interessante notar como temos vivido
A era digital da técnica e do pensamento vazio,
Mas, bem ou mal, a mente pergunta o sentido
Do ser humano se tornar tão frio,
E tão egocêntrico, em atos questionáveis,
A ponto de valorizar mais objetos que sujeitos,
E tratar sujeitos como objetos descartáveis...
Mas sempre nos resta a esperança
De que um dia, utópico dia,
As pessoas sejam valorizadas pelo que são,
E não pelo que aparentam, e não pelo que têm,
E não pelo que ostentam, entre os dias que se vão,
Mas pelo que fazem, realmente, entre os sonhos que nos vêm.
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* Esse pequeno poema foi escrito com base em alguns pontos da filosofia de Heidegger, cuja obra principal é "SER e TEMPO", publicada originalmente em 1927, mas com enfoque ainda muito contemporâneo.
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 17/02/2011
Alterado em 17/02/2011