SINESTESIA
SINESTESIA
por Juliana S. Valis
Amo o amor além de tudo,
Meu namorado eterno é o grito mudo
Que transcende todos os séculos,
Todos os rótulos,
Todas as formas, entre tantas formas,
E todos os clichês preconcebidos...
Amo o amor, além de todos os sentidos,
Pois quando minha visão falha, só o amor me guia,
Quando meu olfato se perde, o amor me encontra,
Quando o tato se faz noite, o amor se faz dia,
Quando meu paladar é insípido, o amor me tempera
E quando meu ouvido espera o silêncio, o amor se anuncia,
Misturando os sentidos da mente, do corpo e da alma
No labirinto humano de uma sinestesia...
E se a luz te faz rir quando choro,
Se a dor preenche a mente mais vazia,
Só o amor me escuta quando imploro
Algum sentido pra iluminar meu dia,
Ainda que seja no sentimento mudo da vida...
Sim, eu amo o amor além de tudo,
Meu fundamento e meu escudo,
No ritmo indelével de todas as artes,
No encaixe inefável de todas as partes,
E, mesmo racionalmente, seja como for,
Não vejo outra razão (qualquer outra razão no mundo)
Mais profunda, ou mais humana, que o profundo amor.
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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 07/12/2010
Alterado em 11/12/2010