INCRÍVEL MIRAGEM
INCRÍVEL MIRAGEM
Vislumbrei a imagem que havia no espelho
Em mil fragmentos de quem eu pensava ser,
Enquanto eu já me perguntava o porquê
De tanta dúvida refletida na vida...
E o espelho ria de como eu me via,
Lindamente feia (e feiamente linda),
Como se a imagem me dissesse, ainda,
Que só a miragem permanecia...
Mas minha imagem se perdeu no espelho,
E nessa miragem eu me perdia,
Pois só havia me restado indecisão
Entre o que eu, de fato, era
E o próprio modo que eu me via,
Como se tudo fosse uma quimera
Refletida nessa humana noite fria...
Enquanto, no coração, uma voz já me dizia:
Não se assuste, porque vou te entregar amanhã
Outro espelho menos complicado
Que esse incrível espelho de Lacan...
E, por meu descuido, o espelho partiu-se,
Caindo lentamente pela escadaria,
Enquanto minha imagem se contorcia em cacos
De alguma alma que eu não conhecia...
E todo esse espelho era você,
Éramos nós, na correria,
Refletindo as infinitas formas de ser
A pessoa mesma que “eu” me via.
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Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 27/11/2010
Alterado em 27/11/2010