Antes eu acreditava que a luz dos seus olhos

Pudesse ultrapassar a injustiça do mundo,

Hoje, porém, não reconheço mais você,

Não reconheço mais sua voz nem seus sonhos

Nem a dinâmica da sua mente,

Que outrora ria

E ousava

E dinamitava

A mesmice da vida

E do tempo...


Hoje, de fato, só me resta o sentimento

De que tudo passa, independente da vontade,

Como o próprio vento

Que se vai, cedo ou tarde,

Levando lembranças de quem nós fomos !


E entre as memórias sós que guardo de sua face,

Lembro que a alegria da sua alma refletia na força dos sonhos meus,

Mas ainda tenho uma grande dúvida sem disfarce:

Onde foi parar a grande luz que resplandecia nos olhos seus ?

Onde foi parar a grandeza, nesse impasse,

Da vida que ultrapassa os nossos próprios breus ?


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