SURPRESAS DO CINEMA MUDO
SURPRESAS DO CINEMA MUDO
(para todos os amigos e amigas, inclusive virtuais)
Juliana S. Valis
Tampe seus ouvidos por alguns segundos,
Entenda a sua mente como um cinema mudo,
Onde você mesmo constrói seus belos mundos,
E como Charles Chaplin, você faz da arte o seu maior escudo,
O seu maior escudo contra os fatos sociais imundos !
Senhoras e senhores, eis o novo cinema mudo,
Sem quaisquer dores, em tantos decibéis,
Na montanha- russa, entre nada e tudo,
Como um teatro surdo, em sociais papéis !
Por favor, não percam suas melhores idéias,
Enquanto a mídia faz lavagem cerebral, a seco;
Enquanto o consumismo faz suas platéias,
Com gritos loucos, em qualquer bairro ou beco !
Pois sua mente é um espetáculo tão original,
Que não tem fim, nem começo, nem preço,
E você é o protagonista do seu roteiro ideal...
E com seu controle remoto emocional,
Você pode diminuir o volume da raiva
Até que o ódio desapareça...
Você pode diminuir o som do desespero,
No tempero dos sentimentos que se vão,
Adentrando o labirinto de você mesmo...
Você pode anular o som da tristeza,
Como se tirasse uma música do MP3,
De uma vez por todas, na alegria irreversível...
Você poderia até ultrapassar a barreira sonora
Do universo que implora a(penas) a "Verdade",
Como astronauta no verso mudo, (risível e mudo), como este...
E, tão sensível, você contemplaria até o invisível,
Você escutaria por trás da vida, no cinema mudo,
Como todo grito mudo, inefável e paradoxal, em si mesmo !
Sim, você é o diretor metafísico do seu cinema mudo,
E tudo, em seu filme, é a sua própria vida,
Entre risos e lágrimas, entre nada e tudo,
Nas cores inexatas que o sentimento abriga !
Então você dirige sua própria história,
Seu enredo único e sempre oscilante
Entre luta e paz, entre dor e glória,
Com a estranha câmera do amor gigante...
Na cor da vida, seu filme só faz sucesso
Se a sua alma tiver sabedoria,
Pois o tempo é um espetáculo que não cobra ingresso
Pelos cinemas materiais, em qualquer dia !
Mas você já está no maior cinema do mundo:
O cinema único do seu próprio ser,
Onde o silêncio se faz de enigma tão profundo
Que uma emoção cega pode voltar a ver,
No amanhecer do céu fecundo,
No escarcéu tão mudo nesse alvorecer!
Pois enquanto você vê as injustiças das cidades,
Ao vivo, pela Internet, pelo cinema ou pela TV,
Saiba que ainda nascem múltiplas desigualdades,
Mas você se pergunta, de vez em quando: o que fazer?
Não, não abra seus ouvidos ao grande engano
De pensar que tudo se resume a ter
Dinheiro e fama, neste mundo insano,
Beleza e poder que podem não trazer
A paz de espírito, real, além de todo plano;
Além de todo plano, onde estará você ?
Senhoras e senhores, eis o novíssimo cinema mudo,
Sem dores digitais, sem tecnológicos decibéis,
Na montanha- russa, entre nada e tudo;
E, se quiserem mais surpresas, peguem já os seus papéis.
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www.cultura-diversao.blogspot.com
poema registrado por Juliana S.Valis,copyright.
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 18/11/2008
Alterado em 18/11/2008