ONDE ESTÁ A RAZÃO ?
ONDE ESTÁ A RAZÃO ?
Juliana S. Valis
Vivemos em um mundo cruel de injustiça constante,
Acordamos no ato em que o celular nos desperta,
Trocamos roupas, calçados, e saímos no instante
Da pergunta intrigante, que vive na alma discreta,
Sobre o "sentido" de tudo, nessa jornada estressante
De correr, de brigar por nenhuma causa concreta...
E mal temos tempo para pensar, você bem me diria,
Mal temos tempo para resolver tantos problemas, de fato;
Mas quando entramos nos metrôs rumo ao trabalho do dia,
O movimento das ruas rapidamente ofusca o asfalto,
Esmagado por passos, sem rumo, de uma rotina vazia,
Cheia de ônibus, carros, motos e poluentes do capitalismo insensato !
Por que tantas mentes se perdem no labirinto da vida ?
Por que tantas pessoas sensíveis viram robôs de consumo ?
Pessoas, antes geniais, perdem-se no shopping sem saída
De "ter" TUDO, e "ser" NADA, no contexto sem rumo
Que tem, talvez, o mesmo trajeto de uma bala perdida !
Uma vez, a televisão nos disse que podíamos rir,
Comprando objetos sem fim, de uma marca qualquer;
Mas quando provamos o sabor da dívida, aqui ou ali,
Percebemos que os "bens" não fornecem ruídos de fé,
Eles apenas querem rir da nossa cara, e nos possuir,
Invertendo a relação "sujeito - objeto" que o tempo requer !
E, assim, o coração não entende o crucial fundamento
De tantas coisas inúteis, entre as fúteis mentiras modernas;
Supervalorização do corpo, abrigando uma alma em tormento,
Desproporção entre tudo, como se o nada habitasse cavernas
De violência, egoísmo e tolice, expostos em telas de sofrimento...
Céus, os computadores, por evidência, não sentem !
Mas dependemos dessas máquinas por tantos motivos,
Nas instituições públicas e privadas, sem descargas ou risos,
Onde as emoções magnéticas se tornam prédios altivos
De ilusões coletivas, com lucros e perdas, e dilemas precisos !
E quantas polegadas terão os enigmas de plasma ?
Quanto lixo poderia ser reciclado na mídia constante ?
Quanto luxo tem o empresário, enquanto o consumidor morre de asma?
E quantos bilhões de seres humanos estão sofrendo neste instante?
Será que nós entendemos o que é toda essa delirante realidade ?
Diga o montante das dores humanas lá no ápice da tecnologia,
Na matemática vazia de somar compras de um "bem" que retarde
O efeito da uma "ilusão" anestésica, que nós mantém nesse dia,
Enquanto o caos coletivo e a depressão não nos atinjam de tarde,
Enquanto a violência urbana se olha no espelho da própria covardia!
Ah, como eu queria não ver toda essa bagunça digital
De marketing lançando falsas idéias e bens materiais,
Como se dinheiro, fama, beleza e sucesso fuzilassem o mal
Desse mundo que vende tudo, mas não compra a sublime paz,
Desse mundo em que uma minoria tem tudo (em status social),
Enquanto a maioria da humanidade sofre e não suporta mais
Trabalhar em coisas desagradáveis, até para pagar seu funeral,
Enquanto os milionários só pensam em luxo e cédulas mundiais !
E lá no pranto dos céus, que as chuvas nos lançam,
Entre raios e lágrimas, pelas nuvens da poluição,
Alguém encontrou a fórmula da felicidade exultante,
Tornando-se "celebridade", com as notícias que vão
Espalhando vírus na WEB, sem vacina no instante
Em que Algo nos disse: onde está a Razão ?
Será que a Razão viajou para algum planeta distante ?
Não, isso não; pois Algo descobriu, depois, pela televisão,
Que a Razão foi ficando seriamente doente e oscilante,
E como ela não tinha dinheiro, morreu sem remédio e supervisão.
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registrado por Juliana S. Valis
www.cultura-diversao.blogspot.com
Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 12/11/2008
Alterado em 13/11/2008